sexta-feira, 10 de novembro de 2017

Produto MG: Carlos Drummond - Poema da Purificação

Poema da Purificação

Depois de tantos combates, 
o anjo bom matou o anjo mau 
e jogou seu corpo no rio. 
As águas ficaram tintas, 
de um sangue que não descorava 
e os peixes todos morreram. 
Mas uma luz que ninguém soube dizer de onde tinha vindo 
apareceu para clarear o mundo,
e outro anjo pensou a ferida 
do anjo batalhador.


domingo, 6 de agosto de 2017

Produto Nacional: Arnaldo Baptista "Luz, Câmera, Canção!"





Até quando a sociedade irá continuar a pressionar verdadeiros artistas, aqueles que evocam a inovação, o processo natural de evolução, transformação.
Referência do psicodelismo brasileiro, sua história parece um tanto com a do Syd Barret do Pink Floyd, inclusive a música Money (pós Barret) possui uma grande semelhança harmônica com Panis et Circenses, teria sido uma influência para os britânicos?

quinta-feira, 25 de maio de 2017

Escolhas...


Nessa vida não se pode confiar em mais nada
Sabe aquele mano da quebrada
Que fica aí, nas madrugada
Esperando um qualquer atravessar

Também foi apadrinhado
pelo crime foi chamado
faz daí os seus trocado
nem procura disfarçar

Deus é justo meu cumpadi
Protege os que é de verdade
Nesse lixo de cidade
Não sobrou nenhum Gandhi

Aprendi pelo caminho
Precisei sair do ninho
Que saber escolher
vai além do divertir.

                                              H. H. Costa

quinta-feira, 18 de maio de 2017

Trip da 0h: Brasil, um País de Inocentes


Essa é bem conhecida do brasileiro
a mesma coisa de janeiro a janeiro
não fui eu, não é meu, perdeu
aqui, cada um cuida do seu

Tem golpe, tem mídia, tem carnaval
Brasília então é uma zorra total
Há quem duvide/acredite em melhoria
Esquerda/direita não, tô na correria 

Ninguém aguenta, virou palhaçada
Atrasar a justiça agora é a parada
Dessa vez com o Moro na jogada
De novo não vai dar em nada?

Enquanto isso o Brasil vai na banguela
Eu, sentado na janela
Esperando o fim dessa novela
Fora Temer, mas deixa a Marcela.

                                          H. H. Costa

terça-feira, 9 de maio de 2017

Marcha da Maconha - 2017/SP


Sábado passado aconteceu a Marcha da Maconha aqui em SP, e eu não podia perder a oportunidade de ir à marcha..

A concentração foi no MASP (Av. Paulista) e de lá o movimento caminhou até a Praça da Sé, onde o movimento continuou ao som de Dub's e muito protesto.

Achei bastante interessante todo movimento e sua manifestação por entre os participantes, muita diversidade de etnias e subculturas, cada um pela sua causa e com seu próprio jeito de demonstrar.

Muito me chama atenção, a falta de foco das manifestações no Brasil, porém contudo um movimento como esse não pode ser resumido como simplesmente um apelo à legalização, nem tampouco como uma manifestação política, assim como gritos "fora Temer". A discussão é outra!

Reconheço o papel das a grandes mídias,  mas acredito que a maconha vem deixando de se tornar um "problema social", mas ainda sim há aqueles que repudiam a ideia, cabe a nós o respeito.

Não consigo me posicionar veemente sobre minha opinião, existem pontos positivos como negativos, dentro de um contexto pessoal não vejo motivos para a cannabis não ser legalizada, porém numa perspectiva social acredito que nossa sociedade não possua maturidade para tal, acredito mais numa metodologia educativa como ação preventiva e futuramente na legalização e pesquisas/novas descobertas.

A cannabis não pode ser subentendida como uma visão generalizada, existem diversos tipos de usuários, finalidades e resultados. Não há de se negar que assim como desconstruir, a planta também possui o poder de construir.

A festa foi bonita, não faltou radicais e extremistas, em todos os sentidos..mas sem nenhuma confusão, Socialização: máximo respeito. Um cartaz do movimento feminista chamou muita atenção, estendido na porta da Catedral da Sé, de uma ponta à outra, com um  "referencial pesado": Bucetas Ingovernáveis.

O movimento é democrático, é nosso #dopovo..como tem maconheiro em SP, e olha que nem a chuva espantou a galera, ainda se via fumaça subindo, acabou que a galera pareceu ter conseguido em fim..espantar a chuva.

Vamos dar 1(2) salve à planta..que evoluiu o tratamento de crianças que sofrem de epilepsia, que alivia os efeitos colaterais do tratamento contra o câncer, que está sendo discutida pela ANVISA a liberação do plantio, porém somente para empresas e associações. Em janeiro a mesma assinou liberação da venda de um remédio feito à base de cannabis liberado em alguns países pelo mundo  (muito provável que por interesse da industria farmacêutica).

Talvez dentro de 2 a 5 anos a cannabis esteja finalmente liberada para os Brasileiros..até lá finge que é proibido, que a gente finge que fuma!

quinta-feira, 4 de maio de 2017

Conjunto Quarto Escuro: Amordaçado


Ah! O amor...
Será o amor brincadeira de gente grande?
Ou será que o homem está grande demais para amar.

Como percebê-lo?
Pelo palpitar do coração?
Como senti-lo?
Pelo frio da imensidão?

Talvez eu amasse demais,
Talvez nunca tivesse amado.

O amor é uma palavra no plural,
O amor é e está certamente no singular.
Ele não depende de nada,
Mas está ligado à tudo.

Existe por si só,
E ainda insistimos que podemos inventá-lo.
Quando se ama, está amando,
Quando se tem dúvidas, está apaixonado.

Como retribuir o amor?
Com amor.
Como medir o amor?
Somente calado.

E esses dias lindos?
É o amor!
E os dias vazios?

É por que está apaixonado.
H. H. Costa

segunda-feira, 24 de abril de 2017

Som que Bate: Faro - Viver em Todos os Tempos




Aí meu camarada segue no corre que o som tá de responsa, 
Um salve para os que mantém o Rap Independente no cenário nacional.
Pesado!


domingo, 9 de abril de 2017

quinta-feira, 6 de abril de 2017

Conjunto Quarto Escuro: Averacidade (a ver a cidade)


A noite cai
A cidade se transforma,
O que era belo, agora se esconde às sombras da lua
E ela então protagoniza

Os ratos saem, em busca de sobrevivência
E os anjos descem para proteger aqueles na qual não chegou a hora
O vento corta os ossos dos que não tem onde se esconder
E a estrela brilha sozinha, pois não há ninguém para contemplá-la

Um sussurro no pé do ouvido me tira o sono
E eu não vejo nada além de um borrão de tinta
É onde eu me encontro
E também onde me perco

Nas silhuetas de quem não posso ver o rosto
Talvez esperando que fosse alguma pessoa
Ou até imaginando ser quem não é
Nada é claro para mim

Em meio ao lixo eu vejo o homem
Em meio ao homem, vejo lixo
Sigo adiante, pisando no escuro
Clamando por um feixe de luz, nada acontece

Nos olhos desejantes vejo uma vida que se defaz
Senão, uma que pode acontecer
É a noite em sua total possibilidade
Como um anzol em água mansa, à espera da próxima vítima

Os anjos brincam de ciranda
E como que por descuido alguém se vai
A lua segue trilhando para o norte
No entanto, esse parece não ser o único caminho

O abraço frio e solitário do silêncio
Faz emergir segredos incompreendidos
Acompanhados de dor que saltam de um uivo aterrorizante
Você procura abrigo, mas qualquer sombra lhe fere a carne

Num último grito, você adormece se sentindo acordado
A lua se despede em um ato final
Ao acordar sente como se estivesse adormecido

E torna a procurar o que ela lhe levou.
H. H. Costa

domingo, 19 de março de 2017

Som que Bate: Astrud Gilberto - Água de Beber




Música Quântica...a cura pelo Som!!




Intervenção Urbana: Aprendizado nas Ruas


‭Em busca de conhecimento e por uma questão de manter minha análise sempre atual e aguçada, algumas vezes utilizo da prática analítica em espaços urbanos, além de gostar muito do espaço urbano, uma análise no conceito de intervenção urbana é a verdadeira Psicologia.

‏Uma análise é algo fácil de acontecer, o simples fato de dizer que sou Psicólogo, serve de estímulo para algumas pessoas “iniciarem” uma sessão, nada contra, muito pelo contrário, porém não é sempre que procuro escutar de deixar rolar um processo de análise.

‏Contudo, hoje, conheci uma menina no Parque Ibirapuera que me deixou bastante curioso..
‏saí de casa pra dar um rolê de skate (long) no ibira, dei uma volta no parque, escutando minha playlist (em construção), parei na marquise, em fim.

‏Na segunda volta, parei perto do museu da cultura negra, pois ali tinha uma descidinha bem pequena, mas porém seca e dava pra treinar uns slides ali. Fiquei treinando uma manobra chamada slide, pois tinha uns quatro meses que não andava de skate e estava meio “preso”  e com medo de arriscar mais a manobra e cair.

‏O parque estava um tanto vazio, sábado a noite, já passavam das dez e tinha dado uma chuva fina e daquelas que esfriam o clima, resultado do parque vazio, em fim, andando ali, vez ou outra passava alguém (grupos, casais, duplas) praticando corrida, pedalando, ou de skate, patins, caminhando.

‏Até veio uma menina, sozinha e em direção a uma área mais deserta ainda, andando devagar e olhando em minha direção, quando estava próxima, parou mexeu no celular, de pé. Continuei meu ritual, descendo e praticando a manobra, passei perto dela e ela olhou e sorriu, sorri também e continuei, saquei que ela queria algo a mais, continuei ali andando de skate.

‏Ela percebeu que eu não abordei e continuou a caminhada, um tanto mal intencionada, andou alguns metros e sentou em um banco próximo, continuei andando. De vez enquanto dava uma olhada pra ela, meio curioso, ela era um pouco gordinha, não parecia ser bonita, carinha de nova e doida pra dar, confesso que até pensei..mas, sem camisinha, também não instigava.

‏Após algum tempo sentada, ela voltou, passou perto de mim, olhando e foi em direção a uma ponte que atravessa o lago e sumiu, pegando um caminho muito suspeito. Continuei ali um tempo treinando e não a vi, até que começou  chover e voltei pra marquise, já de via ser mais de onze horas.

‏Fiquei na marquise andando e esperando a chuva passar para ir embora, fui pro ibira de skate e voltar debaixo de chuva não iria rolar, mesmo sendo Moema. Enquanto andava na marquise, eis que surge a mina novamente, parou do meu lado, estava na entrada da marquise (portão 2) preparando pra descer e vi ela subindo.

‏A chuva ainda rolava e ela ali parada do meu lado, dessa  vez falei da chuva com ela, e ela respondeu e continuou o assunto, perguntou se era eu que estava andando de skate lá “embaixo", respondi que sim e a gente ficou conversando.

‏Indaguei sobre ela estar ali sozinha naquela hora, devia ser uma onze e meia, tinha um movimento de uma peça que rolou no anfiteatro, mas perguntei se ela não tinha medo de ficar andando no parque aquela hora sozinha, e ela disse que não.

‏Falou que havia ido pra ler um livro para um trabalho e que gosta do parque, mas que não foi muitas vezes, porém da última foi embora três e meia da manhã. Fiquei de cara, “essa mi‏na..ela é loca..essa mina é maluca”, não fiz uma intervenção urbana analítica, mas fiquei pensando no que ela falou, como quando ela ficou até as três da manhã deitada perto do lago, vendo as estrelas, pensando.

‏Ela revelou que havia chorado um pouco, mas fiquei pensando em como essa menina, dezenove anos, não poderia sentir medo de ficar ali sozinha, talvez ela estivesse buscando ser uma presa fácil, mas estaria sujeita à diversas situações. Ignorar o medo pela busca de algum prazer ou satisfação pessoal, e ela parecia fazer com tanta naturalidade.

‏Isso me fez questionar, sobre os meus medos, e os riscos que tenho corrido em função do meu medo na busca pelos meus sonhos, objetivos e ideais, medos que parecem ser tão insignificantes em relação as consequências, algo mais ligado a uma frustração pessoal, diferente das consequências que aquela menina poderia sofrer.

‏Sei que o medo é um mecanismo de defesa, é o que me manteve vivo em alguns momentos, mas o medo quando não é superado nos impede de viver a vida com intensidade, autenticidade. Superar nossos medos é algo que nos faz sentir vivos, seja qual for sua busca pessoal.