A
noite cai
A
cidade se transforma,
O
que era belo, agora se esconde às sombras da lua
E
ela então protagoniza
Os
ratos saem, em busca de sobrevivência
E
os anjos descem para proteger aqueles na qual não chegou a hora
O
vento corta os ossos dos que não tem onde se esconder
E
a estrela brilha sozinha, pois não há ninguém para contemplá-la
Um
sussurro no pé do ouvido me tira o sono
E
eu não vejo nada além de um borrão de tinta
É
onde eu me encontro
E
também onde me perco
Nas
silhuetas de quem não posso ver o rosto
Talvez
esperando que fosse alguma pessoa
Ou
até imaginando ser quem não é
Nada
é claro para mim
Em
meio ao lixo eu vejo o homem
Em
meio ao homem, vejo lixo
Sigo
adiante, pisando no escuro
Clamando
por um feixe de luz, nada acontece
Nos
olhos desejantes vejo uma vida que se defaz
Senão,
uma que pode acontecer
É
a noite em sua total possibilidade
Como
um anzol em água mansa, à espera da próxima vítima
Os
anjos brincam de ciranda
E
como que por descuido alguém se vai
A
lua segue trilhando para o norte
No
entanto, esse parece não ser o único caminho
O
abraço frio e solitário do silêncio
Faz
emergir segredos incompreendidos
Acompanhados
de dor que saltam de um uivo aterrorizante
Você
procura abrigo, mas qualquer sombra lhe fere a carne
Num
último grito, você adormece se sentindo acordado
A
lua se despede em um ato final
Ao
acordar sente como se estivesse adormecido
E
torna a procurar o que ela lhe levou.