As discussões
contemporâneas à cerca da Cultura da Cannabis no Brasil não exerce um grande
expoente midiático nos canais abertos. Este ato ignorador é reflexo de uma
política que não dá importância as causas sociais e aos nossos direitos enquanto
cidadãos.
Não
podemos deixar de perceber, a nível mundial, o número de adeptos à cultura
cannábica e mesmo os simpatizantes. Por que ela incomoda tanto, politicamente?
Se lembrarmos
um pouco da sua história, vamos ver o quanto ela esteve presente e como ela nos
ajudou produzindo nada mais que 5000 produtos têxteis à base de suas fibras
(super resistentes) e mais de 25000 produtos de celulose.
As potencialidades da cannabis é inquestionável, sua cura medicinal no tratamento de diversas
doenças alcança padrões de eficácia, altamente satisfatórios. O óleo que dela
era extraído, iluminavam as luminárias espalhadas pelas rua de grandes capitais
e cidades de vários países europeus e norte-americanos no séc. XVIII. O que
mais tarde seria substituído pelo óleo de baleia, iniciando uma polêmica caça
criminosa às baleias.
O domínio
do cultivo às vistas do “poder”, uma vez que, espalhados pelos povos e cultura
dos quatro cantos do mundo, provavelmente resultaria em uma sociedade mais equitária,
ou ao menos, mais democrática em todos os níveis. Quem sabe sonhar, até ousar,
lembrando “one love” do grande líder: Bob Marley.
O poder
não pode ser compartilhado, isso vai contra todos os ideais capitalista, o
sistema é hierárquico, vem de cima. É um insight lógico, o modelo vinha de opressões
da igreja, espalhando o nome de Deus, como aquele que deveria ser temido, ao
invés de amado. Atos defronte Cristo, eram castigados, assim como na mitologia
Grega, dentre outras religiões. O “poder” tinha apenas um nome.
Talvez
uma referência religiosa como a da Índia, que possuía não um só Deus e sim
nove, reflita uma tendência maior por parte de seu povo ao comunismo, ainda que
no século XXI. Assim como na China, onde
a sensação de poder parece ser inibida pela ética, onde as referências são
monges e a cultura milenar, que é passada por gerações.
Na região
das tribos Peruanas ao longo do Amazonas, xamãs curam e agem como conselheiros
e líderes, através do contato com a natureza, pelo chá denominado: Ayahuasca. Este
chá é a união de duas plantas poderosas, com princípios psicoativos de “poderes
enteogenos”, onde eles se comunicam com a natureza e/ou Deus(es).
É uma
experiência muito intensa e de ritual sagrado, na qual, com certeza vai levar aquele
que a ingere a uma experiência do real ao imaginário, do consciente ao
inconsciente, desconsiderando que isto seja uma ordem.
Existem
muitos relatos de seus benefícios, algumas culturas/religiões fazem o uso desta
prática para alcançarem curas psíquicas, biológicas e respostas à questões
relacionadas ao sentido da vida e nossa existência. Não é a toa que dizem que a
união faz a força, estas plantas combinadas nos proporcionam um “poder” surreal,
resultando em um ambiente de quase, amor.
As civilizações
veem ao longo do tempo, nos moldando enquanto ser que produz, acima do ser que
pensa. Consegue perceber, que nosso desenvolvimento é supervisionado, que segue
um padrão pré-determinado, de acordo com o interesse da “burguesia”, seja ele
qual for, independente da forma que nos afetam. Desde que este não ameace nosso
instinto de sobrevivência, eles limitam nosso prazer, controlando nossos
desejos, nos estimulando com ideais e produtos que nos privam das nossas
escolhas, da nossa maior vontade, de sermos nós mesmos.
O importante
é questionar um meio em pensar de forma mais livre. Olhar para o lado e ver que
podemos viver algo verdadeiro, não estamos sozinhos e nem gostaríamos de estar,
sem o outro, nós, não existiríamos, é o outro que nos nomeia, que traz algum
significado. Os seres humanos já passaram por praticamente tudo juntos, e isso
garantiu nossa sobrevivência e a proliferação de nossa espécie.
A cannabis
nos tempos de escravidão era muito socializada na cultura Afro, ela ajudava a
fortalecer os laços sociais (escravos), pois era na maioria das vezes consumida
em grupo. Provavelmente ela teve uma forte influência na luta contra escravidão.
O agrupamento
de pessoas, principalmente nas grandes cidades, parece ter originado um efeito
contrário nos dias de hojo, tal situação vem causando um efeito alienador, que
também recebe grande reforço do avanço tecnológico. Nunca esteve tão fácil se
comunicar com alguém e por mais irracional que pareça, nunca esteve tão difícil
se relacionar com alguém.
As
relações fabricadas estão sufocando quaisquer outro tipo de relação, elas são
carregadas de interesse, talvez não exista relação sem interesse, mas essas
contradizem com o objetivo de felicidade, que é o que buscamos no outro, ser
feliz.